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CAMPO & CIDADE

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  • - Onévio Zabot - Engenheiro agrônomo e servidor de carreira da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) - Membro da Academia Joinvilense de Letras

VINHOS DE INVERNO - Onévio Zabot

Dia desses lia a coluna: Vinho - de Jorge Lucki, publicada no - Eu &Fim de Semana- encarte do Jornal Valor Econômico. Abordava a produção de vinhos de inverno em Minas Gerais, regiões de altitude entre 900 e 1400 metros. Serra da Mantiqueira. A surpresa: o pesquisador Murilo Albuquerque da EPAMIG - Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerias -, ousa: a novidade - dupla poda. Isso mesmo, dupla poda.

Ao tradicional sistema de uma poda no período de inverno, após a dormência, aposta em outra: poda drástica em janeiro. Com a sistemática, a produção vai acontecer no inverno. Clima favorável, com baixa temperatura e umidade relativa do ar: tempo seco, dias ensolarados e noites frescas, eleva o grau brix, resultado: vinhos de excelente qualidade. Vinhos de inverno uma dádiva. Visando integrar os produtores criaram a associação Nacional dos Produtores de Vinho de Inverno. Cultivares, preferencialmente syrha e sauvignon blanc. Impressiona o périplo da vitivinicultura nacional. Da Serra Gaúcha, tradicional polo produtor, migra para o vale do rio do Peixe, e Sul Catarinense, entorno de Urussanga. O Estado de São Paulo na região de Vinhedo, como o próprio nome atesta, São Roque e adjacências, também produz uvas, vinhos e sucos. Ultimamente, no entanto, os parreirais adaptam-se a novos territórios: campanha gaúcha, fronteira com o Uruguai, e na serra catarinense, com os famosos vinhos de altitude. Mais ao norte, no vale do São Francisco, há polo em franca expansão, com destaque para uvas de mesa. Vinhos finos, espumantes e sucos de uva, próspera a agroindústria. De importadores contumazes, nos tornamos exportadores. 

Cultura milenar, as parreiras, inserem-se na cultura de, praticamente, todos os povos. Cultivares de parreiras, gradativamente, foram melhorados e aprimorados, resultando na alta performance atual: produtividade, sabores e aromas - terroir regionalizados. 


Nas áreas colonizadas por imigrantes europeus o parreiral, presença obrigatória.Compunha o pomar, ambiente de produção de frutas, ao lado da horta, com as hortaliças, primeiro para ao autoconsumo e, em havendo excedentes, atendiam a frequência. No casarão tradicional, no porão - espécie de adega -, não podia faltar pipas de vinho, varal com salame e copa - popular sacol -, e queijo, peças de queijo curadas.

Ressalte-se: extraiam a polpa da uva sovando os com os pés. Carnaval de colono.Portanto, como percebemos a cadeia da vitivinicultura expande-se a olhos vistos, tendo um consumidor cada vez mais exigente.

Visando consolidar o setor surge a Indicação Geográfica de Origem ou Procedência (IG) com o intuito de valorizar a cultura regional, caso do Vale dos Vinhedos, Bento Gonçalves e adjacências. Por lá Indicação de Procedência (IP). Com a medida os consumidores tem acesso privilegiado a todos elos da cadeia produtiva, inclusive no que tange a valores culturais associados à gastronomia. No Sul Catarinense a uva goethe introduzida pelos imigrantes italianos seguiu a mesma pegada, adotando Indicação Geográfica de Procedência, como fator de agregação de valor. Famosos vinhos goethe.

A propósito as videiras cultivadas na Serra Catarinense resultaram de pesquisa da Epagri, Estação Experimental de Videira. Logo após a implantação do ensaio pelo Engenheiro Agrônomo Jean Pierre Rosier e equipe, uma geada severa dizimou o experimento. No entanto, para a surpresa de todos, uma cultivar escapou, e dali surgiu o polo produtor, hoje consolidado. A vinícola Villa Francioni, entre outras, expressa essa pujança. Concilia produção e moderna unidade industrial, com turismo, haja vista que enquanto processa a uva, permanece aberta aos visitantes. O privilégio dos turistas: acompanhar todas as fases vitiviníferas: da colheita da uva, até a produção de vinhos e espumantes.

Como percebemos o setor vinícola atingiu um estágio de alta performance. E bons vinhos, ótimos sucos e espumantes são uma realidade, assim como uvas de mesa, ofertadas em abundância o ano todo. Esse é o Brasil queda dá certo, país continente, de muitos climas. E de boa gente. Terra das oportunidades. Alvissaras!


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